E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão...{Fernando Pessoa}

Se refletem no meu Espelho...

Apesar da...


Meu olhar e minha paixão
pelas coisas de fora
me fascinam e quase me levam.
Apesar da beleza quase que irresistível,
apesar da doçura e do deslumbramento,
apesar da vontade e querer de estar longe,
a vida é uma cilada sem chances de fuga.
Eu quase me esqueço, mas quando me toco,
quando a ventania começa a soprar mais forte,
me vejo, me tenho e me lembro:
o amor é uma porta para dentro.

Intensamente vive...

Tem muita coisa em mim
Que tem saudade
Meus pés, por exemplo,
Gostavam de brincar
Dentro da banheira com os teus
Meus olhos, sempre atentos,
Observavam os teus
Nos movimentos do amor
Tuas mãos, tremiam e suavam
Na curva de minha cintura
São pelos pequenos momentos
Que a gente quase morre
Que intensamente vive
Que longamente espera


Põem música...

Orações e poemas são a mesma coisa: 
palavras que se pronunciam a partir do silêncio, 
pedindo que o silêncio nos fale. 
A se acreditar em Ricardo Reis, é no silêncio que existe 
no intervalo das palavras que se ouve a voz de
“um Ser qualquer, alheio a nós“, que nos fala. 
O nome do Ser? 
Não importa. 
Todos os nomes são metáforas para o 
Grande Mistério inominável que nos envolve. 
Gosto de ler orações porque elas dizem as palavras 
que eu gostaria de ter dito mas não consegui. 
As orações põem música no meu silêncio.

As paisagens...

Alma são as paisagens que existem dentro do nosso corpo. 
Nosso corpo é urna fronteira entre as 
paisagens de fora e as paisagens de dentro. 
E elas são diferentes “O homem tem dois olhos“, 
disse o místico medieval Angelus Silésius. 
"Com um ele vê as coisas que passam no tempo. 
Com o outro ele vê o que é eterno e divino." 
Em algum lugar escondido das paisagens da alma 
se encontram as fontes da alegria perdidas. 
Perdidas as fontes da alegria as paisagens da alma se apagam, 
o corpo fica como uma casa vazia. 
E quando a casa está vazia, vai-se a alegria. 
E as paisagens de fora ficam feias (a despeito de serem belas).


Toda luz...

Se levo esperas e esperança no coração, é porque também guardo 
uma lembrança bonita de dias mais bonitos ainda. 
E algo me diz que ainda virão novas inspirações, 
essas que a primavera traz, pra florescer a vida da gente.
O mundo gira (mas gira sem parar), os sorrisos se renovam, 
os abraços mais verdadeiros nunca me abandonam, e a vida têm 
me esfregado na cara, lindos motivos pra ser feliz.  
O sol voltou a brilhar com força. 
Lá fora e aqui dentro do peito. 
Sou toda luz outra vez (e sempre)...

Assim como você...

O maior mal que podes fazer para si mesmo acontece 
quando tu desfaz do teu semelhante proferindo palavras 
que o entristecem e age de maneira fria e cruel pensando 
somente em seu benefício próprio, se esquecendo assim que esse 
mesmo ser que é desprezado por ti também sonha, 
vive e procura incessantemente por 
amor assim como você todo dia faz...


Sei...


Sabe, quando a felicidade invade
Quando pensa na imagem da pessoa
Quando lembra que seus lábios encontraram
Outros lábios de uma pessoa
E o beijo esperado ainda está molhado
E guardado ali em sua boca
Que se abre e sorri feliz
Quando fala o nome daquela pessoa
Quando quer beijar de novo muitos lábios
Desejados da sua pessoa
Quando quer que acabe logo a viagem
Que levou ela pra longe daqui…

É..eu sei...


Do meu amor...

Só quero que você veja que o meu carinho não é somente vontade. 
Que o meu gostar não é uma simples vaidade passageira. 
E que tudo que sinto não foi criado, mas sempre existiu em minha alma. 
Perceba de verdade que cada uma das palavras que 
lhe falei até hoje foram movidas pela minha paixão, 
que cresce imensuravelmente dentro de mim. 
O tempo faz do meu amor uma serenata que insisto em te cantar a toda noite, 
quando em meus braços, te nino dizendo “Te Amo”. 
E se por acaso ainda duvida de tudo que eu lhe escrevi, 
falei ou mostrei, toque no meu peito e veja que 
contigo por perto ele bate muito mais acelerado. 
E não é por medo não. 
Hoje em dia posso te dizer com convicção 
que ele só bate assim mesmo é por PAIXÃO...


Alma de energia...

Todos nascemos com uma caixa de fósforos dentro de nós, 
mas que não podemos acendê-los sozinhos. 
Necessitamos, como nesta experiência, de oxigênio e da ajuda de uma vela. 
Só que, no nosso caso, o oxigênio deve vir do hálito da pessoa amada... 
a luz da vela pode ser qualquer coisa... 
uma melodia, uma palavra, uma carícia, um som... 
qualquer coisa que dispare o detonador e acenda um dos fósforos. 
Então, cada pessoa tem que descobrir quais são seus detonadores 
para poder viver porque é a chama de apenas 
um fósforo que nutre a alma de energia.

Por cautela...

Vem sempre do lado esquerdo. 
As dores, mesmo quando são fingidas, nunca cicatrizam 
e é do lado esquerdo que se fixam. 
Delas se poderá dizer que são sinistras. 
Assim a mão que só para suprir carências 
se obriga às vezes a escrever. 
Assim os presságios dos áugures se para norte olhavam. 
E as dores, repito, sobretudo aquelas 
cujo nome não sabes ou por cautela omites.

Os próprios mistérios...

A sentença convence-nos de que o homem 
tem condições de visitar o templo da alma, 
de percorrer suas salas como se estivesse em um museu, 
assim podendo, no final desta inspeção, 
decifrar os próprios mistérios, o tumulto das suas emoções 
e os sentimentos que leva encarcerados no peito.


Presença de uma ausência...

Tudo é real porque tudo é inventado.
Os animais vivem em meio às presenças, 
mas nós vivemos em meio as ausências.  
Desejo: reconhecer que algo esta faltando...Saudade.  
Eu sugeriria que espiritualidade tem algo a ver com isto:
 viver em meio a presença de uma ausência. 
E dai que surge tudo o que de belo fazemos:
 o amor, a poesia, a música, os jardins, as revoluções... tudo.  
Fazemos estas coisas para completar este pedaço que está faltando. 
Ah, pedaço de mim que me arrancaram...
Sou espiritual por causa disto: 
do meu corpo sai uma canção, um suspiro, um desejo, 
uma saudade por algo que não encontro e penso 
que sinto no vento, o cheiro dessas coisas...

Tenham amor...


Que a felicidade não dependa do tempo, 
nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. 
Que ela possa vir com toda a simplicidade, 
de dentro para fora, de cada um para todos. 
Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir. 
Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo. 
Que tenham ideais e medo de perdê-lo. 
Que amem ao próximo e respeitem sua dor. 
Para que tenhamos certeza de que: 
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.

Sou mais...


Nada me prende, a nada me ligo, a nada pertenço.
Todas as sensações me tomam e nenhuma fica.
Sou mais variado que uma multidão de acaso,
Sou mais diverso que o universo espontâneo,
Todas as épocas me pertencem um momento,
Todas as almas um momento tiveram seu lugar em mim.
Fluído de intuições, rio de supor - mas,
Sempre ondas sucessivas,
Sempre o mar - agora desconhecendo-se
Sempre separando-se de mim, indefinidamente















Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milênio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.

Seguimos...

Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, 
que nos sufoca, que nos entorpece. 
O certo é ser magro, bonito, rico e educado. 
O errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto, e o resto nada 
tem a ver com estes reducionismos, 
é nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se transforma com o tempo, 
é nossas cicatrizes de estimaçao, nossos erros e desilusões.
Todo o resto é muito vasto. 
E nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, 
nossos silêncios inquisidores, a pureza e inocência que nos 
mantem vivas dentro de nós mas que ninguém percebe, só porque crescemos. 
A maturidade é um álibi frágil. 
Seguimos com uma alma de criança que finge 
saber direitinho tudo o que deve ser feito, 
mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. 
Todo o resto é tudo aquilo que ninguém 
aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê...


E eu...

Este é um poema de amor 
tão meigo, tão terno, tão teu... 
É uma oferenda aos teus momentos 
de luta e de brisa e de céu... 
E eu, 
quero te servir a poesia 
numa concha azul do mar 
ou numa cesta de flores do campo. 
Talvez tu possas entender o meu amor. 
Mas se isso não acontecer, 
não importa. 
Já está declarado e estampado 
nas linhas e entrelinhas 
deste pequeno poema, 
o verso; 
o tão famoso e inesperado verso que 
te deixará pasmo, surpreso, perplexo... 
eu te amo, "perdoa-me", eu te amo..


Digitais...

Arfa o peito, tua boca úmida em meu seio. 
Pulsa quente, teu apetite penetrando a fome do meu ventre. 
O teu cheiro em meus cabelos, tua mordida em meu pescoço. 
O teu olhar no meu, nossa saudade escandalosa, 
a eternidade do beijo que vai durar pra sempre. 
Tua (nossas) risadas, este estado de graça, 
O bem-estar de estarmos juntos. 
E este enrosco espalhando digitais por todo o corpo. 
Estas vontades sem freios porque são teus meus anseios. 
Estes sussurros gostoso, ao pé do ouvido, depois do gozo. 
O mundo lá fora, o vento levando a cidade embora e 
o nosso passeio no espaço... sem tempo. 
É meu, seu, nosso estes momentos, somente nossos.

Não foi você...


Dores vão e vem, mas enquanto tiver 
um sorriso no meio do caminho, 
um ombro pra encostar, 
uma piscada pra esquecer, 
um céu azul, uma janela aberta e 
um amanhecer de primavera 
você vai querer se reerguer e ver que 
quem perdeu não foi você...

Hoje é dia...

Abra o coração. 
Estique o sorriso. 
Caminhe de mãos dadas. 
Enrole os braços em alguém. 
Coloque o coração pra perdoar. 
Diga palavras felizes ao acordar. 
Chore toda mágoa. 
Chore o mar inteiro. 
Balance uma criança. 
Quando se pensa no futuro portas devem 
ser abertas por dentro, ficar brilhante. 
Hoje não é dia de arrumar as memórias. 
Hoje é o dia de começar de novo. 
Sonhar de novo...


Praticar..


Mais importante do que ter uma religião, 
é encontrar a religiosidade dentro de nós mesmos. 
Encontrar o sagrado pode ser apenas 
e tão somente uma questão de praticar a paz.
Não apenas dentro de nós, mas principalmente fora de nós. 
Tornamos assim nosso mundo, o próprio paraíso na terra...

Por dentro...



Antes de (in)compreender o próximo, 
tente se encontrar por dentro pra encurtar 
o caminho do entendimento. 
Quando passamos a nos observar mais, 
temos facilidade em não julgar com tanta imponência, 
a fragilidade e o erro humano. 
Pois somos, de certa forma, o reflexo do outro. 
E a incompreensão também.

Entre...

Entre duas notas de música existe uma nota,  
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,  
existe um sentir que é entre o sentir
nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo que 
é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo é aquilo
que ouvimos e chamamos de silêncio...

Infinito...

A verdade é que o bom é sempre simples. 

Saúde pra sorrir. 
Confidências. 
Um olhar que diz tudo. 
Sonhos. 
Esperança.
Se a paz tivesse uma cor, 
teria a cor do céu de hoje. 
Azul.
Assim como as palavras. 
Como o desejo. 
E o infinito...

Quem?...

Quantas pessoas te conhecem de verdade? 
Pra quem você se abre? De quem você não tem medo? 
Que pessoa você tem certeza que quer o seu bem? 
Quem realmente não sente desconforto ao ver sua felicidade? 
Quem não ficou magoado por bobagem? 
Quem sabe reconhecer quando erra? 
Quem nunca te deixou na mão? 
Quem assume quando pisa na bola e pede desculpa? 
Com quem você discute, mas depois fica tudo bem? 
Quem entende o seu jeito? 
Quem aceita seus defeitos? 
Quem não fala mal de você para os outros amigos? 
Quem ajudaria você a pagar sua conta 
de luz, caso fosse necessário? 
Quem vibra com seu sucesso profissional? 
Quem deseja realmente toda felicidade 
do mundo no seu relacionamento? 
Quem? 
Por favor, me diga quantos, quantas. 
Quem valoriza o que você faz? 
Quem é grato pelo que você fez? 
A ingratidão em qualquer relação é coisa 
muito feia, principalmente em amizade.
É bom a gente pensar de vez em quando sobre isso. 
Analisar as relações, as pessoas, rever as amizades. 
Ser amigo é chorar o teu choro e rir, com o coração, o teu riso. 
E isso é coisa rara hoje em dia.



Cuidado...

O cuidado só corre bem quando é entrega, 
quando é o outro dentro da gente.
Quando é a possibilidade de uma calmaria,
uma intuição bem resolvida, um esclarecimento.
Cuidado é poesia pronta que nos conta novas saídas.
É inaugurar sóis dentro do outro em dias feitos de chuvas.


Cuidar é ofertar ao outro um barco nunca antes usado,
um abraço nunca antes pertencido.
Cuidado é recomeço para dois e mais sorrisos.

Libertação...

Eu sou apaixonado por textos que interrogam,
não que dão certezas ou fórmulas.
Textos que permitem a gente se duvidar
um pouco mais do que o necessário,
enlouquecer um pouco mais do que a dosagem normal,
vibrar um pouco mais do que o permitido por lei.
Depois que somos educados,
passamos toda a vida aprendendo a nos reprimir.
A poesia é essa libertação. Falar olhando nos olhos.
Encarar com sinceridade o que podemos ser.
Por que esperar o fim da relação para dizer a verdade?
Por que esperar uma doença para ser sincero?
Por que esperar alguém partir para descobrir o desejo?
Poesia é a urgência, quando não temos nada a perder.
É quando apostamos em um único lance o que acreditamos…

Em busca...

Eu, em busca de mim mesmo, 
como queria Sócrates.
Eu, sendo o que sou, mas diante da 
possibilidade de tornar-me outro,
assumir-me com mais plenitude. 
Eu, ser em estado de vir a ser, como 
tão bem intuía a metafísica aristotélica.
Eu, potência de um lugar que ainda não me 
tornei porque ainda não ousei ir buscar.

Amor exato...


É amor exato...
Porque no coração
Resplandece toda a ternura
De um pensamento
Que tem seu nome
É amor tão seu
Que a alegria faz moradia no olhar
Basta você chegar...



Valorize...

O ser humano só valoriza o amor 
quando há perda ou risco de perda... 
Quase nunca durante sua encantatória vigência.
Descobrir que amar é também 
saber amar e transformar a vigência do amor
em vivência de amor, em algo bom,
pelo gosto de viver e não pelo medo de perder,
é sabedoria para poucos enamorados.
Amar é fazer um pacto
de felicidade e não de dor. 
Quem porém sabe disso?