Escolha a cada dia uma música.
A cada dia um poema ou uma simples frase que seja;
a cada dia, no final do dia, recorte uma cena:
um olhar, um gesto em meio a uma conversa,
um detalhe que o seu olho apreendeu, ou o seu ouvido,
quem sabe o som de uma risada, o barulho de passos,
aquela cantiga que só o vento faz as folhas cantarem.
Quem sabe um toque, o tato que te proporcionou a maciez,
a delicadeza, a sensação do quente ou do frio...
Quem sabe ainda um cheiro? Ou o sabor?
O que você viu, o que sentiu, cheirou, provou, ouviu?
Bem aí, escondido nesses pequenos e imperceptíveis
prazeres está guardado o milagre.
A bênção.
O pássaro pousado no ombro...
A mão invisível que te sustenta!
Abra a cada noite esta cortina.
Deixe a cena, a melhor delas entrar.
Aplauda como quem assiste a um belo
espetáculo apresentado pela lembrança.
Depois, agradeça. E durma em paz!
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