Gostamos das pessoas que vivem divertidas, a sorrir, otimistas e isso, ao contrário do que muitos asseguram, não é uma condição, é uma vontade.
Não é algo que apenas nasce conosco, mas sim algo que se trabalha e educa,
que cresce e amadurece.
Um dos segredos para essa boa disposição é ser extremamente tolerante,
levar a vida sem grandes dramas,
desdramatizando os contratempos, as atitudes e,
sobretudo, os erros: os nossos e os dos outros.
Ironizando e sorrindo sempre para o que complica a vida,
deixando assim o destino sem argumentos.
Mas, quase como castigo por tamanha desfaçatez,
a tolerância excessiva tem um preço: a intolerância.
Porque é da nossa essência, queremos sempre mais e sempre o mesmo.
Se nos habituam a seda, reagimos mal à lã, se nos deram calor,
vamos cobrar o frio e assim, nos dias cinzentos, quando precisamos de um ombro,
normalmente temos um olhar desconfiado,
de quem não está habituado a um rosto fechado.
Ironia, é precisamente nesses momentos de confronto,
que fica provado o nosso valor para os outros:
afinal, gostarem de nós quando estamos bem, é fácil.
O difícil (e mais verdadeiro) é gostarem, ainda mais, quando não estamos.
É um processo longo e difícil, como sempre o são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas.
Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça,
a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos,
mas depois é a cabeça que trava o coração,
as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes,
um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde antes estava a intimidade.
É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além,
onde a cumplicidade de tudo, o mais difícil de atingir
nos torna verdadeiramente amantes.
E se me perguntam, mais um round? Claro que sim.
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